sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Sinergia entre as forças policiais é gargalo para Copa de 2014

O ministro José Eduardo Cardozo reclama da falta de informações estatísticas sobre segurança pública

Pedro Venceslau

Além da lentidão das obras nos estádios e nos projetos de infraestrutura das cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, outro fantasma assombra o cronograma do governo federal para o evento: a integração entre as forças policiais brasileiras. Esse item é considerado pelo Palácio do Planalto a peça de resistência do complexo programa de segurança para o mundial da Fifa e, dois anos depois, as Olimpíadas do Rio de Janeiro. Esse foi o tema mais discutido ontem durante o Congresso Segurança Brasil 2011, organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São de Paulo (Fiesp). Principal palestrante do dia, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, fez um apelo público.

"O projeto de integração entre as policias não pode se deixar envolver por disputas eleitorais e ideológicas. Não se faz segurança pública sem integração." O pedido do ministro, entretanto, não foi ouvido pelo governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) e pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD). Ambos haviam confirmado presença, mas não apareceram.

Cardozo não detalhou o projeto de aproximação entre as forças policiais e a troca de inteligência, mas reconheceu que o processo está só começando. "Nós temos problema nessa área. O espírito corporativo afeta a policia civil e a militar. E temos uma dissociação entre a Polícia Federal e a estadual." O titular da Justiça reconheceu, ainda, que o governo brasileiro sofre uma "carência profunda" de informações estatísticas de segurança pública. Também presente ao evento, o secretário extraordinário de segurança pública dos grandes eventos do governo, José Ricardo Botelho, se mostrou otimista. "O planejamento tático está pronto. Agora vamos fazer um esforço coletivo nos estados." Antes de deixar a sede da Fiesp, Cardozo disse aos jornalistas que o governo não cogita qualquer aumento aos policiais federais, que ameaçam entrar em greve. "Esse ano não temos a menor condição de dar aumento para nenhuma categoria. A crise exige prudência e cuidado."

Conselhos

Responsável pela coordenação da segurança na Copa do Mundo da África 2010, o major Ben Groenewald, que é chefe da polícia da África do Sul, lembrou que, além da cooperação entre as polícias internas, é preciso trabalhar para o bom entendimento entre as forças policiais internacionais, especialmente a Interpol. "Sem sinergia entre as forças não há como ter sucesso em um evento dessa magnitude." Além de integração, ele afirma que é preciso ter agilidade jurídica. "Na Copa de 2010 nós estabelecemos uma Corte Especial e montamos um time de investigação especial para combater os crimes durante os jogos. As demandas eram resolvidas imediatamente." Groenewald lembra de um caso em especial. "Quando o quarto do hotel de um jogador brasileiro foi arrombado, nós imediatamente identificamos e punimos o infrator." O chefe da polícia sul-africana deu um conselho precioso para as autoridades brasileiras: as famosas "vuvuzelas" devem ser proibidas nas partidas. "Se possível coloquem as vuvuzelas como item proibido. Elas representam um perigo para a segurança, pois ninguém consegue ouvir os avisos no microfone."

No embalo do 11 de Setembro, o policial deu mais um alerta aos colegas brasileiros. "Depois do 11 de Setembro de 2001, não podemos fazer nenhum planejamento sem levar em conta os ataques terroristas."

SEGURANÇA

" 45 mil policiais deverão atuar na segurança da Copa de 2014 em todo o país. O número é igual ao da África do Sul, mas menor que o da Alemanha em 2006.

DESAFIOS

Integração entre as polícias civil e militar é o principal desafio da segurança pública brasileira para o mundial. Há ainda a necessidade de intercâmbio eficaz com a Interpol.

COMBATE AO CRIME

Agilidade jurídica é essencial para combater crimes durante os jogos do mundial no país, segundo o responsável pela segurança na Copa da África, Ben Groenewald.

------------------------------

Na Copa de 2010 estabelecemos uma Corte especial e montamos um time de investigação para combater os crimes durante os jogos. As demandas eram resolvidas imediatamente

Ben Groenewald Chefe da polícia da África do Sul

http://rio-negocios.com/sinergia-entre-as-forcas-policiais-e-gargalo-para-copa-de-2014/


Postado por Jacqueline, Vitor, Fernanda, Erico, Renata e Luiz Antonio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário